Tendo a Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB) e o regime ético-estético como contextualização política do estudo, introduz-se a problemática apresentada que é o desafio da implementação do Processo de Enfermagem (PE) nos serviços de saúde mental. A RPB é um processo que busca a modificação dos modelos de cuidado à pessoa em sofrimento psíquico, favorecendo serviços de base territorial em detrimento da abordagem manicomial. Mas, para além desta necessidade de modificação dos moldes dos serviços de saúde mental, a RFB movimenta mudanças nos modos de se perceber a loucura, funcionando como grande impulsionador social para a construção de novas apostas na cidadania e na inclusão da pessoa com transtorno psíquico na sociedade. Neste livro apresenta-se um estudo de caso no âmbito da atenção psicossocial com ênfase na implementação do PE junto a uma pessoa em sofrimento psíquico grave. A análise dos dados foi sistematizada através das três etapas iniciais do Processo de Enfermagem, visando à aplicabilidade do mesmo no contexto da atenção psicossocial. Para a discussão dos dados, foram utilizados os referenciais teóricos do regime existencial ético-estético, da Clínica do sujeito, da Reforma Psiquiátrica e do Processo de Enfermagem. Há que se compor a transversalidade rizoma-decalque nas ações de Enfermagem na atenção psicossocial. O decalque, duro, instituído preservará os “órgãos” necessários para atender às objetividades do PE. Mas este “órgão” não será totalitário se houver a composição com vertentes rizomáticas, as quais colocarão os “órgãos” em função da promoção da vida e não do organismo, à medida que serão “órgãos” nômades, sensíveis, espontâneos, abertos à multiplicidade. A partir das singularidades destacadas no estudo, considera-se que cabe às enfermeiras adentrarem também especificamente na ciência da enfermagem utilizando-se por dentro dela as noções de autopoiese e de rizoma como máquinas que adensem o tema da prática da enfermagem em saúde mental.