“Lar doce lar”, pensou Eva quando desceu do táxi. Ela pagou ao taxista, despediu-se dele e ficou olhando o carro se afastar. Então dirigiu-se a sua casa. Agradecia mentalmente a Deus pelos livramentos, e por ter chegado em paz no seu paraíso. Decidiu que só ligaria para Richard a noite, ele tinha uma vida muito ocupada, também queria curtir um pouco a sua maravilhosa sensação de estar no seu lugar. Eva pertencia aquele sítio, inclusive queria ser enterrada ali, e tinha reservado um lugarzinho dentro da mata preservada para seu corpo se decompor e se incorporar novamente a terra. A sua alma voaria livre para Deus e, em oração, Eva entregava sua alma a Ele todas as noites. Sabe? Eva ama a sua quase completa solidão. Convivi apenas com as pessoas do sítio, e gosta muito disto. Na verdade adora. Enquanto entrava em sua casa, ela consultou a hora no seu celular e constatou que passava um pouco de uma hora, também notou que todas as janelas da casa estavam abertas, e o ar fresco e perfumado por suas flores foi sentido por ela. Eva escutou que Angelina cantarolava uma música na cozinha. Eva prestou atenção que a canção dizia: “Bem te vi, bem te vi, andar por um jardim em flor, chamando os bichos de amor, tua boca pingava mel…” Deixando sua mala na sala, literalmente ela correu para a cozinha. O cheiro do maravilhoso tempero mineiro de Angelina invadiu as narinas de Eva, e com a expectativa a sua boca salivou. Quando entrou na cozinha, ela abraçou, beijou, também foi muito abraçada e beijada pela sua funcionaria, grande amiga e família no coração. No mesmo instante, Capitão entrou na cozinha latindo muito, Angelina soltou rapidamente Eva. Capitão cheirou-a, e moveu a cauda quando Eva se inclinou para acariciá-lo.
– Que cão mais ciumento! – resmungou Angelina.– Sentiu muito a minha falta, querido? – Eva perguntou, abraçando e beijando muito o cão.– Não me beijou tanto assim – reclamou Angelina.– Não é só Capitão que é ciumento – Eva comentou rindo.– Não seja tola! Não estou com ciúmes de um cão – falou Angelina.– Eu morro de ciúmes do meu grandão – Eva confessou abraçando apertado o pescoço do animal.– Gosta mais de bicho que de gente – Angelina resmungou.– Eles são anjos de Deus na terra – Eva disse rapidamente.– Eva e as suas crenças – Angelina disse, revirou os olhos.– É verdade… Eles senguem o plano perfeito de Deus – Eva disse, estava reflexiva.– Só porque não conhecem o dinheiro – Angelina comentou.– O dinheiro não é bom ou ruim – Eva falou rapidamente.– Mas consegue mostrar o pior das pessoas – ela disse-lhe.– Muitos fazem bom uso do dinheiro – lembrou-a.– Dinheiro também traz muitos problemas…– Traz também a solução de muitos problemas – Eva falou.– Vai ficar defendendo o dinheiro, é?– Defendo o bom uso dele… Deus permite que alguns tenham dinheiro para testar seus corações. – Você sempre procurou viver com o necessário – Angelina lembrou-a.– Tenho tão pouco, e para mim parece muito… pois necessito tão pouco para ser feliz – Eva falou sorrindo.– Alguém disse que o pouco com Deus é muito – Angelina disse, e riu para ela.– O essencial sempre transborda para mim – confessou baixinho.– É por que você vive para sua alma.– Talvez… – A alma precisa de muito pouco – Argelina comentou.– Precisa apenas da sua conexão com Deus – Eva falou, e esboçou um pegue no sorriso. – Gabrielle vem quando com o marido? – Angelina perguntou mudando o tema.– Decidiram esperar mais um pouco – Eva contou.– Faria bem a eles uns dias aqui no sítio – Angelina comentou.– Sim, mas…– Acha que eles devem ficar mais tempo, sozinhos?– Me conhece tão bem, assim?– Como a palma da minha mão – brincou Angelina.– Não exagere!– É transparente para quem gosta de verdade de ti – Angelina falou.– Sou mesmo… Não tenho medo de mostrar quem sou – Eva confessou.