O presente livro foi recuperado do “Arquivo das Crocodilagens” (um ajuntamento de livros escritos e não publicados). Poemas escritos na época das audições diárias de Raul Seixas, como terapia estético-existencial, no tempo em que perdeu a amada e surtou, aos vinte e poucos anos.O livro possui três momentos intercambiáveis. Há versos de pseudociência sobre o tempo, a gravidade, as formas e as ideias, outros fazem alusão a estranhos estados de espírito, a pessoas esquisitas, e alguns aproximam-se de uma escrita bastante irônica, ao ponto de suscitar o riso do leitor. São poemas das origens do autor, pontuados pela espontaneidade e experimentação, as temáticas não são usuais. Muitos destes foram escritos num estilo bicho-grilo debochado, com incursões pelo no sense, como em “Discurso ao pé do precipício”. O leitor não familiarizado poderá estranhar a forma como o autor aborda o seu entorno real e imagético, o modo às vezes caótico de aludir às coisas, de falar de pessoas por caricaturas (como nos poemas, “Irmão, foi tremendo!”, “sem nome”). Nos poemas aparentemente “normais” há representações um tanto trágicas do sertão (lugar do autor) e o leitor poderá recuperar o fôlego.Quem busca a poesia lírica e nobre, de temática tradicional e métrica não encontrará aqui. Estes versos são, por assim dizer, de uma “tradição” hippie que leu Baudelaire e Mallarmé em intervalos de LSD.