Quando a morte me convidou para fazer parte do seu jogo, eu estava entediada.E procurei seguir com meu cotidiano banal e previsível; com minha condição de esposa submissa e servil… Porém, a Senhora Morte se mostrou persuasiva demais e insistiu em me conduzir por direções sedutoras;Mas avançar era um ato custoso para alguém covarde, feito eu. E meus pés ficaram travados.Quando olhei para eles, descalços, a Morte me forçou a caminhar assim mesmo;Quando eu andei, ela voltou a exigir-me com seu ar despótico, segurou em meu braço me fazendo parar e observar;Quando eu olhei bem de perto, pude compreender que eu nada tinha a ver com seus intentos; que ela zombava frente à natureza das coisas e parecia se divertir com seu ato resoluto de decidir quem deve ou não permanecer entre os vivos;Quando ela me fez chegar ainda mais perto, eu soube que não havia entendido nada;Quanto menos entendia, mais sentia vontade de chorar.Quanto mais eu chorava, mais a Morte seguia com a aflição, fazendo-me ir adiante com aquele jogo nefasto.Mas até quando, eu me perguntava… até quando essa devoradora de homens vai continuar com isso?