O objetivo do livro “Vazio existencial, consumo e longevidade” é articular as três temáticas atuais, analisando-as e apresentado suas potencialidades e realizações, mas também apontar seus limites, principalmente por meio da tese que, quanto mais o homem busca consumir os bens materiais do capitalismo e alcançar parâmetros jamais imaginados de longevidade, mais aumenta o seu vazio existencial, um fundo sem fundo, condição inerente à sua essência. Inserido na imanência e desligado dos grandes ideais sólidos da Pátria, do Estado enquanto vínculo entre a esfera privada e a pública, da Revolução, do Trabalho, da Religião, o homem necessita ocupar-se e integrar-se a algo para superar sua condição de ser perfectível. Daí a necessidade natural, seja no âmbito intrapessoal seja no âmbito interpessoal, de superar o vazio da existência pelo trabalho, estudo, lazer e consumo. Logo, enquanto o homem existir, sempre haverá algo a buscar e realizar. Sempre haverá o vazio existencial, o fundo sem fundo. Umas das formas apresentadas pelo mercado para suprimir e escamotear o vazio existencial é instruir e moldar a pessoa humana a usufruir ao máximo os bens materiais, pelo consumo, esvaziando o homem de sua subjetividade, reduzindo-o a um sujeito inconsciente, efêmero, líquido. Nesse modo de existir, o capital, o lucro, o dinheiro passa a ser o verdadeiro sujeito da história. O homem torna-se um objeto privilegiado diante de um mundo objetivado e materialista. É a dessubstanciação do sujeito. E para procurar garantir a filosofia consumista e a soberania biotecnológica, nada melhor do que investir em recursos materiais avançados para alcançar o máximo de longevidade. Por isso, nas últimas décadas, estão surgindo sinalizações oriundas da revolução em curso do mundo do nanômetro, por meio de nanorobôs, que, aplicados à nanomedicina, possuem potencialidade para modificar, substancialmente, a forma de tratar as doenças e instaurar um novo paradigma saúde e doença, agora em nível molecular e celular. Se esse novo paradigma for eficaz, cogita-se a possibilidade de diagnosticar e erradicar patologias em estágio inicial, inclusive em nível de genes, regenerar órgãos e tecidos, promovendo a longevidade humana em patamares inimagináveis na história da humanidade, retardando o processo do envelhecimento humano.