A Igreja Evangélica Brasileira tem como uma de suas bandeiras a crítica ao mundanismo. Irmã gêmea desta é a defesa de uma vida genuinamente espiritual. Ora, posto assim, o que se há para indagar? Claro que não cabe a genuínos cristãos um comportamento mundano e, em contrapartida, devem cultivar uma vida espiritual.O que acabo de escrever também é típico da Igreja Evangélica Brasileira: a simplificação de questões complexas. Respostas fáceis para perguntas difíceis. Propostas superficiais, quase mágicas.Dentro do “pacote” do mundanismo a lista é mais ou menos conhecida: bebida, cigarro, dança, maquiagem, bijuterias, determinadas músicas, etc. Em torno de cada uma dessas questões poderíamos enveredar, por uma discussão interminável acerca da relação dos protestantes com a cultura em geral, o contexto histórico- geográfico, no qual essas coisas são praticadas, e por aí vai.O que dificilmente se discute, em nossas igrejas, é o que eu chamaria de mundanismo que ninguém vê. Este sim, a meu ver, danoso para as propostas mais fundamentais de Jesus de Nazaré. O consumismo desenfreado da nossa sociedade presente, folgadamente, em nossas igrejas, congressos evangélicos e programas televisivos que nos pedem, sem cerimônia, recursos em “cash”, cheque-pré ou cartão. O individualismo é seguido do sentimentalismo característicos destes tempos, incorporados em nossos auto-cultos. Digo auto-cultos, porque são muito mais a nós mesmos do que a Deus. E, para não nos estendermos muito, quer coisa mais mundana do que dinheiro? Paulo já dizia que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (I Timóteo 6:3-10). Ei-lo aí, todo prosa. Definidor de prestígio. Consagrador de carreiras eclesiásticas. Norteador dos rumos igrejeiros. Em nosso meio pede-se dinheiro, pede-se muito dinheiro, sem nenhum constrangimento. Mas, obviamente, sempre é para a glória de Deus…Música mundana não pode. Mas o que é isso que acontece nos ginásios do Brasil afora? Não sei se é louvor, adoração, show, evento. Sei lá o que é isso. Aqueles que me conhecem sabem que não sou conservador. Eu só gostaria de ver a igreja assumindo suas opções. Chamando as coisas pelo nome. Sem subterfúgios. Pois todos nós sabemos que por trás dessas coisas rola e impera a cultura de mercado, ou seja, olha ele aí outra vez, muito dinheiro.O Pr. Marcos Azevedo, amigo novo, companheiro novo, não é de simplificar as coisas. Neste seu novo livro, não tem medo de apontar faces do mundanismo que ninguém vê. Ele diz em sua conclusão:Cansei da banalização com o religioso, em que a fé tornou-se um grande produto, sendo comercializado. Tendo atrás de si uma vasta linha de produtos, que vão de sabonete ungido e personalizado, para conquistar a pessoa amada e lavar todo e qualquer tipo de maldição, até rosas ungidas (…)Wanderley Pereira da Rosa Diretor-Geral da Faculdade Unida, professor de História do Cristianismo.Vitória/ES, primavera de 2010