IntroduçãoVeremos que o Espírito de Deus, profundo conhecedor da natureza humana, usará de todos os recursos para sensibilizar sua consciência. A sensibilidade de Deus é algo maravilhoso, narrando a sua intervenção na história humana com tamanha humanidade que muitas vezes ultrapassa as maiores dramaturgias, as mais emocionantes obras literárias compostas pelo gênero humano. Os profetas usam todos os recursos possíveis e imagináveis com a intenção de conduzir o ser humano a uma vida de justiça e equidade. Toda uma impressionante gama de emoções, e apelos feitos a todas as camadas da psique humana, indo contra todos os pressupostos religiosos, ilustrando, vociferando, amaldiçoando, chorando, gritando, argumentando de diversos modos, ameaçando, suplicando hora a razão humana, ora ao temor, até mesmo ao instinto de sobrevivência das pessoas da nação escolhida, em vão. Não bastassem os recursos humanos enviados, Deus utilizou-se das estações, das chuvas, dos desastres naturais, da seca, da enchente, da praga de gafanhotos e mesmo da guerra para convencer os israelitas sobre a necessidade de conhecer e exercer a justiça. Deus usou a pedagogia ritual do santuário, o assombramento através de terríveis sinais, usou as festas, as comemorações, a dança, o cântico, e até o encantamento. Cada pedaço do livro de Jeremias é uma lição de persistência e de consistente pedagogia divina para o arrependimento. Não bastando usar as dimensões do discurso, com argumentos aos sentidos, às emoções e ao raciocínio, o Espírito irá muitas vezes dialogar com a loucura humana. Algumas das palavras proféticas não apelam para o senso humano de ethos (ética), pathos (emoção) ou de logos (logica). O espírito transcende a capacidade humana de pensar sobre as coisas e transgride contra o modo de pensar vigente. A parábola sobre o Juiz injusto usada por Jesus ilustra bem isso.