Quantas vezes os poetas, nessa história humana, não se adiantaram as descobertas da ciência, e com seus versos e seus sonhos, intuíram caminhos que o intelecto orgulhoso, científico e criterioso, com seus muitos dedos cuidadosos, não conseguiu aceitar. Mas, mesmo com as resistências, veio o tempo, as infindáveis discussões que só os filósofos conseguem aguentar, e por intuições inesperadas, experimentos são montados, e eis que o antigo caminho do poeta se vê desvelado. Claro, não mais o mesmo, agora com outras terminologias e fórmulas complicadas, uma verdadeira complexidade de dar medo em muita gente.Daí que a poesia, esse olhar despreocupado e cheio de cismar, não pode ser subtraído da vida, esse filosofar inconsequente não pode morrer na alma da gente, pois seria empobrecer demais esse nossa singela existência humana.É com essa perspectiva que viemos para a Universidade de Pasárgada. O convite do pensar livre, da criatividade. Ansiávamos por voar nas asas do sonho, e plainar no céu com a leveza dos pássaros daquele lugar. Sabíamos que a cidade não seria a mesma de Manuel Bandeira, que em 1930, para lá se foi em busca de sua liberdade interior, pois dizia “ em Pasárgada tem tudo é outra civilização”. Mudada, agora quase um século depois, tem muito mais pois até Campus Universitário deixaram por lá instalar.Naquela sexta o prof. Toni estava sem atividades acadêmicas e foi biblioteca para uma pesquisa mais próxima dos livros clássicos. No caminho, uma parada, pois havia um jardim e um pequeno espaço com belas árvores. Neste local encontrou um ex-aluno, e se puseram a conversar, de forma descontraída e muito tranquila.Neste ambiente fraterno, o aluno expôs ao mestre e amigo suas dúvidas, pois estava cursando filosofia e se tornara cético sobre a vida. E confessou ao professor que necessitava de conhecimentos básicos sobre ordem, desordem e caos para ter uma noção da enrascada em que todos estavam metidos e saber da necessidade de elevar um grau no nosso nível de consciência. Era um desafio. O prof. Toni sorriu. Pensou consigo, dizem que quando o discípulo está pronto o mestre aparece, mas talvez exista uma outra, quando o Mestre precisa de desafio, um discípulo lhe é enviado.Não houve dúvidas, combinaram se encontrar semanalmente, naquele local, salvo nos dias de chuva e claro, para colocaram os pingos nos ’ís’, as vírgulas certas e o desvelar das frases de filósofos e cientistas, buscando o entendimento onde fosse possível.Assim nasceu este trabalho, buscando contar com palavras simples, o que é complexo; um encontro que começou com um professor, um discípulo e ao final se fez uma roda de conversa, com mais um colega, o velho amigo professor Blanketo. Entre eles, o estudante curioso e perguntador, o cético professor e a filosofia de Toni , desenvolveu-se esta história que, no fundo, na alma mesmo, refletia o que amavam de fato filosofar e refletir sobre a vida.