As substâncias, segundo Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), atuam sempre; além disso, uma vez que, mesmo as substâncias criadas finitas, são naturalmente indestrutíveis e, portanto, imortais, as substâncias continuam a agir para sempre. A que ou a quem as substâncias devem causalmente a sua ação? No tempo de Leibniz, esta questão torna-se mais ou menos uma questão sobre o papel causal de Deus. Deus é o único agente causal genuíno na natureza? Ou será que a contribuição causal de Deus, pelo menos no desenvolvimento ordinário da natureza, consiste “meramente” na criação e conservação de substâncias criadas? Veremos que Leibniz sustenta que tanto Deus como substâncias criadas são causalmente responsáveis por mudanças nos estados de substâncias. Há outra questão particularmente saliente para o filósofo do século XVII: que tipo de causas estão presentes numa atividade substancial? Apenas trinta anos após a morte de Leibniz, David Hume afirmou que a sua própria definição de causa implica que “todas as causas são do mesmo tipo”, nomeadamente, causas eficientes (ou seja, produtivas). A teoria da causalidade de Leibniz, em vez disso, integra causas eficientes, finais e até formais, uma vez que tenta explicar a real causalidade entre coisas fenomenais com a infame harmonia pré-estabelecida.