Locke tem sido amplamente saudado por fornecer uma base epistemológica para a ciência experimental da sua época, articulando a nova forma probabilística de conhecimento que lhe é adequada. Mas enquanto ele é, em aspetos importantes, um devoto dessa nova ciência, também há tensões significativas no seu pensamento. Apoia os seus métodos experimentais, ao visar as filosofias anteriores, especulativas ou racionalistas, para metodologias e expectativas epistemológicas inadequadas à filosofia natural. Ele também parece frequentemente abraçar a hipótese corpuscular da nova ciência, cujos poderes e partículas minúsculas figuram de forma proeminente na sua tentativa de entender por que não podemos esperar uma certeza demonstrativa sobre fenómenos naturais. No entanto, a nova metodologia da ciência estava a evoluir. Até onde é que o Locke viajou com essa evolução, e que aspetos do seu pensamento o impediram de ir mais longe? Quanto à hipótese corpuscular, qual era exatamente a sua posição em relação a ela? Fala frequentemente de partículas e poderes como se pertencessem ao conhecimento estabelecido, e no entanto, ao explicar as falhas da hipótese, parece considerá-las fatais. Este artigo irá enfatizar principalmente a segunda dessas questões relacionadas, embora ambas tenham impulsionado a investigação e o debate académicos.