Mais que um livro de crônicas, o projeto nasceu com o intuito de ser uma grande co-construção, inspirada na icônica coluna Modern Love do New York Times. Se existe um momento em que a temática do amor se fez tão relevante, esse momento é em meio à pandemia, onde toda uma geração enfrenta o distanciamento e o isolamento social por tempo indeterminado e quaisquer expectativas de futuro esbarram em um presente extremamente instável e imprevisível. Ansiedade, apatia, monotonia e solidão se tornam marcas registradas de um ano em que buscamos desenfreadamente encontrar formas de retornar a um tempo, a um lugar e a uma memória que nos faça ainda que brevemente lembrar de toda a potencialidade que nos designa humanos. Ao longo dos últimos meses coletei histórias de amor de pessoas que me são muito próximas e queridas para que juntos fossemos confidentes de um romance que poderia vir a ser uma comédia romântica de sessão da tarde, ou um romance marcado pelo drama de fim de noite acompanhado de uma ou mais (de preferência) taças de vinho, mas que é acima de tudo real. Pedi para que enviassem áudios para manter toda a oralidade que uma história de amor merece, começassem por onde quisessem começar, passassem por tudo que realmente achavam que valia a pena ser lembrado e terminassem apenas quando sentissem que tinham realmente compartilhado tudo o que fazia daquela a sua história de amor. Recebi tudo o que podem imaginar: de áudios de 5 minutos a 50 minutos, com vídeos, fotos, lágrimas e suspiros de pessoas que me deram essa oportunidade incrível de me conectar à sua intimidade e ter o prazer de transcrever o seu primeiro amor, o seu primeiro grande amor ou o seu amor que foi tão grande que foi como se tivessem amado pela primeira vez. Busquei alterar o mínimo das histórias, mudando nomes e cidades para que o nome do dono de cada história seja um segredo que apenas eu e elu compartilhamos. Além disso, em todas vocês irão encontrar um pouquinho de mim, afinal criado por uma família saída de um filme do Tim Burton, sempre tive uma tendência a deixar as coisas um pouquinho mais dramáticas e sei que vocês gostam. Algumas outras histórias são ficções completas ou digressões que, buscando um lugar ao sol, resolveram embrenhar-se por entre as crônicas que se seguem. A parte mais divertida pra mim será ter a mais plena certeza de que ao final desta obra você sairá com a sensação de que a única história de amor impossível e irreal é aquela que não se persegue.Como recebi em um dos primeiros feedbacks sobre a obra, eu não sei definir muito bem o que senti, sabe? Mas saí com alguma coisa boa e quentinha no coração”. Bom, isso é exatamente o que espero que cada uma dessas crônicas seja capaz de fazer por vocês.