Os estudos aqui reunidos são ensaios filosóficos cujo tema em comum é a assunção do primado da poesia sobre os demais saberes e formas de racionaldade, de modo a sustentar, com isso, uma concepção trágica da existência. O primeiro deles desenvolve a ideia do primado da poesia; o segundo, põe em cena o problema do Poeta, ou do que pode o ser humano concebido como um ser poiético. Ele se detém num estudo de Safo, Baudelaire e Drummond. O terceiro ensaio trata de Nietzsche: é uma leitura atenta e sensível do livro “O nascimento da tragédia”, mostrando-o como uma arqueologia da subjetividade popular, enquanto arqueologia do coro trágico. Isso, de acordo com a perspectiva tomada em conta aqui, seria realizado para uma crítica da modernidade capaz de visar um novo começo, através da criação de uma nova religião popular, ao mesmo tempo apolínea e dionisíaca. O quarto ensaio, sobre Paul Ricoeur, concentra-se em apresentar um iniciação à sua hermenêutica textual, a qual é posta em ação em uma leitura da peça “Prometeu acorrentado”, de Ésquilo. O quinto ensaio retoma a obra de Ésquilo para pensar o conceito de “obliquidade alusiva”; o quinto ensaio articula os fenômenos contrapostos do trágico e do lúdoco; e, por fim, o sexto ensaio procura pensar a relação entre filosofia e ceticismo. Esses estudos, assim reunidos, trabalham, ao lado de artigos já publicados em revistas especializadas altamente qualificadas, como “Lírica e subjetividade”, publicado na “Revista Literatura e Sociadade”, da USP (V. 21, N. 23, 2017), e do qual apresentamos aqui uma nova versão; “Ceticismo & verdade: ensaio sobre a universalidade radical de um pensamento pós-cético””, publicado em “Trans/form/ação”, da UNESP (V. 41, N. 3, 2018), e “Drummond e o acontecimento ontológico”, publicado em “O eixio e a roda: Revista de Literatura Brasileira”, da UFMG (V. 29, N. 1, 2020), todos disponíveis na rede, compõem a tentiva de elaborar um exercício filosófico a fim de identificar-se com uma travessia pelo ceticismo para, dessa travessia, num estágio pós-cético, reconhecer-se efetivmente “trágico”, no sentido aqui preconizado.