A Saudade é nosso património esotérico nacional, porquanto fez dos portugueses este povo de poetas, amantes, fadistas, marinheiros. Povo que parte mundo fora, conquistando, amando, viajando, construindo, ‘poetando’. Esta é uma breve reflexão sobre aquilo que melhor caracteriza o ‘ser português’: a Saudade. Trata-se de um breve ensaio, um estudo ‘anímico-ontológico’ desse fenómeno. Anímico, pois refere-se à alma lusitana, ontológico, porque enraíza-se no mais profundo ser português. Em Fernando Pessoa, a Saudade é essa ânsia de amor infinito, paraíso onde reina a ordem cósmica primordial e à qual Pessoa regressa poeticamente, de forma sistemática, tomando as diversas vias rasgadas pelos seus mais de 70 heterónimos, como que esmagados pelo mundo literário, constituídos pelos mais de 25.000 papéis deixados por Pessoa numa arca de madeira. Parece-nos ter sido ali, naquele bulício de escritos, que ele, efectivamente, viveu e sentiu, e que a sua vida ‘real’ teve pouca substância. Para Teixeira de Pascoaes, o Saudosismo é a expressão sintética da raça lusitana. Na sua obra “A Saudade e o Saudosismo”, este autor revela-nos uma filosofia da Saudade portuguesa, que apenas existe por ser portuguesa. Como proposta filosófica, Pascoaes, desafia-nos: “Estudemos o homem transcendente, o além homem, que o Português encerra. Este breve ensaio é disso uma humilde tentativa. Fernando Pessoa é o nosso leme.