Através de uma estrutura híbrida e de uma pontuação desafiadora, o primeiro romance de débora gil pantaleão, Uma das coisas, nos leva a percorrer o ano de 2019 e conhecer a história de Betina, uma menina de 13 anos que recebe de sua professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira a missão de realizar o seguinte trabalho escolar: escrever um romance. Transitando por espaços no estado da Paraíba, especialmente nas cidades de João Pessoa, Ibiara e Baía da Traição, a narrativa, ao perpassar o processo de escrita da protagonista, que decide escrever sobre a sua avó, vai desvelando seus questionamentos em torno de política, veganismo, racismo, gênero, classe, bem como sobre a história das mulheres da família e suas ancestralidades.
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Uma das coisas é um romance que tem a força da água. E dizer isso é quase uma advertência ao leitor. Quer dizer que não adianta tentar se locomover andando na vertical, um passo depois do outro, em linha reta. Você tem que mergulhar, ceder e, com respeito, deixar que a correnteza faça o resto. Como num ciclo hidrológico, as personagens Lelé, Patrícia e Betina são continuações inevitáveis uma das outras, todas correndo para um mesmo ápice, sempre de volta ao início.
DÉBORA FERRAZ
Prêmio Sesc de Literatura
Prêmio São Paulo
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Quando terminei de ler Uma das coisas a sensação foi de ter, no peito, uma flor aberta que doía e acalentava ao mesmo tempo. Sentimentos que só um romance vertiginoso e inteligente como esse, e a serviço de histórias que precisam ser lidas, pode oferecer. A certeza que fica é de que a delicadeza em tecer enredos que possuem tanta força é a marca que Débora Gil Pantaleão imprime em sua ficção.
DANIELLE SOUSA
Autora de No Horizonte, a Terra (Editora Escaleras, 2020)
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débora gil pantaleão é vegana, escritora, possui 7 livros publicados, sendo 4 de poesia, Se eu tivesse alma (2015), Vão remédio para tanta mágoa (2017), sozinha no cais deserto (2018) e objeto ar (2018); 2 novelas, Causa morte (2017) e repito coisas que não lembro (2019); e 1 livro de contos, Nem uma vez uma voz humana (2017). É editora na editora independente Escaleras, atuando também na área de Escrita Criativa através de oficinas e cursos de criação de histórias para a literatura e outras áreas. Doutoranda em Letras/Literatura pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), foi professora substituta no curso de Letras (Habilitação Língua Inglesa) na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e na Universidade Federal da Bahia (UFBA).