Mundialmente, a concepção da nova polícia originou-se do trabalho conceitual e pragmático de Sir Robert Peel, por meio da criação em Londres, em setembro de 1829, da polícia me- tropolitana.No Brasil, a opção pela manutenção de um modelo policial quase bicentenário, de viés repressor e anticomunitário, ba- seado no já vencido conceito francês de polícia, está hoje ca- racterizado constitucionalmente com a existência dos órgãos de Segurança Pública.Com a evolução tecnológica e societal das nações e, entre nós, o advento do Estado Democrático de Direito, tornou-se repetitiva a necessidade de nos adequarmos aos novos tem- pos, buscando o aprimoramento do trato da cidadania, sem os defeitos originais de formação de nossos órgãos de Segu- rança Pública.Foi Carlos Magno Nazareth Cerqueira, a partir da década de 1980, o grande mentor e oráculo da mudança do paradig- ma da Segurança Pública neste país, isto a partir do modelo americano de polícia comunitária e de sua busca pela intelec- tualização do trabalho policial.Desacreditados ainda hoje por expressiva parte da socieda- de civil, os órgãos policiais brasileiros, mesmo que sem a di- reção de políticas públicas de Segurança Pública que sejam estáveis e perenes, buscam um novo lugar ao sol. Estamos deixando as “ondas” para nos firmar na tendência comunitá- rio-interativa do fazer da Segurança Pública.Neste livro procuramos fazer um traçado histórico, técnico e conceitual sobre a mais dinâmica e inovadora ferramenta da cidadania para a renovação de seu conjunto estatal provedor de segurança e ordem pública, cuja idealização reconheci- damente nasceu em terras capixabas: a Polícia Interativa, bi- campeã brasileira e única em metodologia comunitário-inte- rativa no Brasil até o momento.A leitura fará despertar sua atenção para a necessária e ur- gente reconstrução de nosso modelo histórico de Segurança Pública, expandindo-o para a formulação de políticas públi- cas que permitam o efetivo e continuado controle da crimi- nalidade, não mais como metas de governo, que, se diga, são todos transitórios, mas pelo Estado brasileiro, que ainda parece não ter aplicado à Segurança Pública o mesmo esfor- ço que utilizou para controlar, a níveis aceitáveis, a galopante inflação que quase destruiu a economia brasileira.Enfim, é uma leitura diferente que poderá despertar senti- mentos e novas vocações nos intelectuais que estudam a problemática da insegurança pública, bem como poderá ser- vir de reflexão para governantes, gestores públicos e executi- vos de polícia que ainda não perceberam que a qualidade de vida da sociedade brasileira depende em muito da proteção e do socorro públicos, advindos da Segurança Pública como direito social inserido em nossa Carta Magna.