Nesse modelo, a relação classista cede lugar à convergência de interesses entre proletariado e burguesia, numa emulação que anula, juntamente com as vantagens e estabilidades econômicas advindas dos direitos trabalhistas, os conflitos de classe, embora a exploração, aqui, seja sentida como ato válido de trabalho para a produção.O estado se torna o organismo de controle, abrigando grande quantidade de funções, alargando o funcionalismo público e conferindo proteção ao trabalhador.Com a docilidade do trabalhador, esse modelo de estado pode ser superado, com a adoção do consumismo, para formas ainda mais cruéis de dominação.É o estado democrático neoliberal, em que o trabalho praticamente é reduzido a um evento secundário, dado o grau tecnológico. Aqui o estado serve ao mercado com alto índice de repressão e programas de renda mínima.O que torna uma obra um trabalho de crítica?A resposta é mais simples do que parece: toda a realidade que conhecemos é obra filigranada pela ideologia. Essa ideologia é única e está fragmentada por uma infinidade de discursos ideológicos que só se aparentam como conflitantes ou opostos. Em verdade, todos os discursos ideológicos operam de uma mesma e única forma: naturalizam a desigualdade entre as pessoas.Ora, o movimento da crítica só poderia esperar eficácia se operasse para além dos dispositivos ideológicos, se transpassasse o véu da ideologia, da ilusão não da desigualdade, mas de sua naturalização.Como se transpõe o véu da ideologia?Essa é uma resposta que não pode ser dada indelicadamente. É preciso verificar os ritmos, as alegorias, as evidências, os protocolos, as denúncias e articulações, as interpretações e os retornos que utilizo nesse conjunto de textos e então avaliar o método e o resultado conquistado.