Seria possível dizer, em um primeiro momento, que este é um livro de memórias. Isso porque ele se inicia com meu primeiro dia na escola como aluno e prossegue descrevendo a trajetória escolar até o começo de minha atuação como professor de Matemática.No entanto, ao narrar esse percurso, o objetivo é mostrar como se definiu essa vocação, bem como apontar alguns fatores na minha formação que julgo terem sido essenciais para determinar os rumos de minha futura atuação profissional. Assim, a partir daí, os itens não se sucedem de forma cronológica e o objetivo do Capítulo 2 é o de apresentar os fundamentos teóricos, com relação ao ensino em geral e ao de Matemática em particular, nos quais acredito e que procuro colocar em prática durante as minhas aulas. Esses fundamentos são apresentados de forma descontraída, sem me prender a modismos ou convicções arraigadas, muitas vezes por meio de episódios interessantes que tive a oportunidade de vivenciar durante tantos anos de docência da disciplina. Os diversos itens abordados por meio do Capítulo 2 têm relação com o planejamento do componente curricular, teorias da aprendizagem, formas de avaliação, disciplina, atitudes e crenças dos alunos e do professor. Essas vivências são variadas, visto que abrangem um período bastante longo, muitas escolas, bem como vários níveis de ensino, períodos e tipos de clientela, apesar de ser sempre em escolas públicas estaduais de São Paulo.Devo aqui esclarecer que, de maneira alguma, pretendo ser o “dono da verdade”, posto que tenho a convicção de que assuntos como, por exemplo, planejamento de ensino, teorias da aprendizagem e avaliação escolar, são conceitos bastante complexos e que comportam várias visões e preferências pessoais, o que depende muito do histórico de cada profissional. Assim, a ideia é apresentar o meu ponto de vista e as minhas vivências no intuito de provocar reflexões por parte dos colegas professores sobre o seu papel profissional. Em seguida, o Capítulo 3 é ainda menos formal, pois apresenta, também sem preocupação cronológica, várias situações inusitadas que me surpreenderam durante a minha carreira na Educação Básica. Alguns são casos pitorescos e até engraçados, outros previsíveis, muitos já envolvem bastante o relacionamento professor-aluno, que não se restringe a apenas passagem e assimilação de conteúdos, outros ainda podem ser classificados até mesmo como chocantes. Dessa forma, praticamente todos os episódios narrados no Capítulo 3 não guardam relação estreita com a Matemática, ou seja, poderiam ter acontecido nas aulas de qualquer outro componente curricular. Julgo então que eles podem proporcionar momentos de reflexão e até descontração também para os professores de outras disciplinas.Assim, nos dois casos, tanto nas vivências como nas surpresas, o objetivo maior deste trabalho é o de compartilhar minhas experiências, suscitando discussões sobre as possibilidades de engrandecimento tanto dos professores quanto dos alunos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.