Tenho o prazer de prefaciar o livro do pastor Rodrigo Caeté, intitulado “O Cálice da Ira Sem Mistura”. O prazer é ainda maior pelo fato de que, o título, e também parcialmente o assunto, foi motivado, segundo testemunho do autor, por um de meus sermões sobre o assunto no livro de Apocalipse. De fato, impressiona a descrição de Apocalipse 14.10, que descreve a condenação eterna dos adoradores da besta, como um ato de beber de um cálice pleno, puro, sem misturas, ou seja, como um símbolo de receber toda a ira de Deus, sem qualquer alívio ou diluição. A doutrina bíblica a respeito do inferno certamente não está entre as mais populares entre os teólogos e pregadores, e, muito menos entre os ouvintes. Por um lado, faz algum sentido que não esteja mesmo, pois não deve haver qualquer prazer em nós em anunciar a realidade do inferno e da condenação, afinal, como o Senhor Jesus disse dos habitantes de Jerusalém, ele preferia salvá-los a condená-los (Mt 23.37). Se havia esse mesmo desejo no Senhor, também deve haver em nós. Nenhum pregador fiel anunciará a dura realidade das penas eternas com prazer ou desejo de vingança. Antes, essa sempre será uma doutrina a ser ensinada com profundo pesar e sincero desejo de que nossos ouvintes sejam livrados, pela graça, desse destino terrível. Mas, por outro lado, a falta de exposição dessa doutrina pode estar enraizada na cultura cada vez mais humanista que permeia nossas igrejas, ou seja, na noção de que a tolerância divina, talvez, no final, não condene ninguém. Para aqueles que se estribam nesse entendimento, e apelam para o amor que o Senhor Jesus anunciou e praticou, vale também lembrar que foi o amoroso Filho de Deus, a pessoa que mais mencionou ou ensinou a respeito da condenação eterna em toda a Escritura. É um tremendo ato de amor alertar as pessoas a respeito da terrível consequência de seus atos, ou da recusa em se arrepender. Biblicamente, as penas eternas podem ser divididas em duas etapas. O início da punição eterna dos perdidos se dá logo após a morte, quando a alma do não-salvo vai ao Hades (inferno), que é um local de punição e sofrimento, mas que, de algum modo, é um lugar intermediário, uma vez que o condenado está lá em forma espiritual, sem o corpo. Isso não minimiza o horror desse lugar, porém, não representa a punição plena. Após a volta do Senhor, todas as almas precisam retornar aos seus corpos, inclusive as almas dos ímpios. É nesse momento que todas as almas que estiveram no Hades (inferno), aguardando o juízo final, ressuscitam e enfrentam o julgamento. O objetivo desse julgamento não é condenar ou salvar, pois o destino eterno já foi decidido em vida, senão, essas almas não estariam no Hades. Porém, ressuscitados, os ímpios precisam ser julgados, ou seja, o juízo final existe para colocar tudo em pratos limpos, esclarecer os motivos da condenação, bem como encaminhar cada perdido para o local final de punição, que o Apocalipse chama de Lago de Fogo e Enxofre. É nesse lugar, com seus corpos, que os ímpios beberão do cálice sem mistura. Esse livro ajudará os leitores a compreenderem um pouco mais esse assunto e, principalmente, a louvarem a Deus, pela sua misericórdia em nos livrar de ter que beber daquele cálice sem mistura, uma vez que o Senhor Jesus já o bebeu em lugar de todos os que creem. (Pr. Leandro Lima – Professor de Novo Testamento – Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper)
Número de Páginas: 236
Tamanho: 14x21cm
Edição: 1
Editora: Porto de Lenha