Eis uma história de terror. A inocência e o pecado como dimensões elevadas da alma humana ressurgem com força no romance AS ACÁCIAS ESTÃO FLORADAS, de Cláudio Aguiar. O destino cego leva as pessoas à prática de atos escabrosos e inqualificáveis ou mesmo à omissão em relação a eles. As forças espirituais, como se fossem entidades mágicas ou até duendes que crescem em nossa imaginação, terminam por atuar de maneira misteriosa e secreta e podem desencaminhar suas vítimas. Nesses casos, o vetor mais daninho e prejudicial são os agentes malignos que invadem a alma das pessoas e castram suas ações positivas e respeitáveis. Justamente por isso elas são capazes de vencer a vontade da pessoa e, muitas vezes, transformá-la num monstro capaz de levá-la à prática de atos horrorosos. Aos olhos do leitor essas ações reverberam como terror capaz de mudar destinos e, quase sempre, destruir vidas. Foi o que aconteceu com a monstruosidade cometida por Capitulino, personagem emblemático de AS ACÁCIAS ESTÃO FLORADAS, romance de terror, no qual Aguiar edifica com força e exposição escorreita os veios da inocência simbolizados por Margarida, dedicada a seus deveres maternais em relação a suas sete filhas. No lado oposto surge a figura desalmada do marido, Capitulino, motor e enigma do terror que se abateu primeiro sobre a esposa e as filhas e, depois, sobre a consciência assustada das pessoas da aldeia de Murucunã. Ao lado dessas duas personagens, vale destacar também a presença de padre Pedroso, vigário da aldeia, que se revela conciliador e solidário às meninas que inexplicavelmente sucumbem ante os inevitáveis eventos trágicos. As ações do cura da aldeia provam, enfim, que nem sempre o mal vencerá, porque, mesmo quando tudo parecer perdido ou sem saída, de repente, descobrimos que amanhã o sol voltará outra vez e, assim como acontece com as sementes plantadas sob a terra, logo mais elas rebentarão floridas e galhardas como nos ensinam as acácias que circundavam a igreja de Murucunã.Leia mais