Tem “uma pedra no meio do caminho” da aula de português: ainda persistem práticas inadequadas e irrelevantes, não condizentes com as mais recentes concepções de língua nem com os objetivos mais amplos que se pode pretender para seu ensino. Os professores não podem mais simplesmente dar as costas aos grandes avanços da investigação científica sobre a linguagem. No entanto, ainda não sabem como traduzir essas inovações em práticas pedagógicas condizentes com uma educação efetivamente formadora: “Se não é para ensinar gramática”, costumam dizer, “então é para fazer o quê?”. O livro de Irandé Antunes traz um conjunto bem articulado de respostas, que se desdobram em várias outras perguntas, que só podem ser respondidas por pessoas movidas pelo amor à investigação, provocadas pelo desejo de descobrir seus próprios caminhos, sempre conscientes de que a ciência não é a busca de uma “verdade” a ser descoberta, e sim a construção de pontes, sempre provisórias, capazes de ajudar a gente a se mover sobre as areias movediças do mistério. Irandé Antunes concentra sua atenção em três grandes áreas críticas da educação linguística: a leitura, a escrita e a reflexão sobre a língua.