Os estudos kantianos aqui apresentados – cuja primeira versão data dos primeiros semestres de formação uspiana, entre os anos de 1996 e 1997 – apareceram inicialmente em várias revistas e coletâneas dispersas ao longo dos anos 2002-2008. Em 2010 passaram por uma nova versão. O principal motivo de republicá-los depois em formato de livro foi o de registrar a convicção de que Kant seria um daqueles autores “senha” da filosofia: não se pode passar adiante sem primeiro estudá-lo. Com isto, deixo registrado que não sou, nem tenho a pretensão de ser um estudioso da filosofia kantiana, mas somente um estudioso da filosofia em geral que reconhece a necessidade de se deter ao menos uma vez no pensamento de Kant, se realmente deseja ter um melhor acesso à problemática filosófica contemporânea. Os textos sobre ele aqui reunidos são o testemunho material dessa minha detença. Entrementes, gostaria de sugerir um fio condutor para a sua leitura em conjunto, a saber, o de que existe uma relação umbilical entre uma crítica da razão metafísica e a proposição de uma filosofia prática. Tudo se passa como se o sentido da filosofia prática kantiana devesse ser buscado na crítica kantiana à metafísica, bem como, no reverso, como se a crítica da metafísica preparasse o solo a partir do qual floresceria o mais importante, para Kant: sua filosofia prática, a qual teria por objetivo, a meu juízo, resolver o problema da modernidade.