Uma aura de seriedade envolve o conceito do livro – mesmo que ele seja um ebook autopublicado – uma aura que não envolve o conceito de blog.Se o nascimento do jornal, no fim do século XVIII, quebrou a auréola do escritor e a jogou na lama, o blog jogou o próprio escritor.Apesar do papel fundamental que desempenham na política e no entretenimento – talvez por terem nascido como uma media de adolescentes, blogs exalam um cheiro qualquer de futilidade, um cheiro que eu gosto.Passada a euforia do enfant terrible, assentado o meu tesão pela escrita vertiginosa e a ambição pelo reconhecimento dos críticos de depois de amanhã, restou para mim um descompromisso (amargo como o café que acompanha minha digitação) e um tipo cínico de leveza.Os textos que reúno nesta publicação não foram escritos para livro – são fruto de um projeto editorial muito menos responsável, um blog autointitulado que mantive durante anos, formulando e reformulando, montando e desmontando, escrevendo e desescrevendo, como se fossem anotações inúteis que eu me dava ao luxo de publicar, por saber que, fosse como fosse, ninguém leria mesmo.No entanto, de uma hora para a outra, decidi selecionar algumas daquelas minhas experiências, “não por razão ou coisa outra qualquer”, se não para dar a uma amiga um meio mais ou menos “sério” de me citar em sua pesquisa monográfica.Assim, este livro reúne alguns textos que escrevi, como sempre, no fluir do pensamento apenas para a vulgar publicação no meu extremamente malsucedido blog WordPress, e que tinham alguma conexão com a pesquisa que minha mencionada amiga vinha realizando.De fato, a pesquisa é sobre loucura, e não consigo imaginar tema que viesse mais a calhar…