TRECHO DO LIVRO:
Quando achava que tinha chegado onde queria, olhei mais adiante e percebi que onde eu estava era o ponto mais baixo do serrote. Ainda havia outro ainda maior para escalar. Eu já havia encontrado muitas dificuldades para chegar até ali e fiquei pensado se deveria enfrentar mais este desafio. Mas já que eu estava ali e havia vencido as primeiras barreiras, não custava nada tentar. Pus-me, então, a caminho. Desci pelas pedras me segurando no paredão. Minha falta de atenção me fez queimar o joelho num pé de urtiga, o que me causou uma dor muito chata. Com a raiva que fiquei, acabei me desconcentrando mais ainda e machuquei a perna numa pedra. Fiquei contrariado comigo mesmo. Eu deveria prestar mais atenção por onde andava! Mas não desisti e continuei, subindo o outro lance de pedras.Cheguei logo ao topo. Os machucados da subida anterior me fizeram tomar mais cuidado, ser mais cauteloso. Aos poucos estava diante de mais uma conquista: mais um topo do serrote. Repeti, então, os gestos anteriores: abri os braços e gritei feliz com a minha conquista. Mas quando eu pensava que já havia terminado a minha jornada, que aquele ali era o meu ponto final, mais adiante havia o último lance de pedras, o mais alto e o mais difícil de escalar. Olhei para trás, vi tudo que já havia conquistado e percebi que não tinha nada a perder. Logo vi que não seria nada fácil mesmo, pois no único lugar onde o acesso até o topo era razoavelmente fácil de subir, havia uma enorme casa de marimbondos de fogo. O perigo estava ali bem na minha frente e era tão real quanto à vontade que eu tinha de continuar. Eu teria de tomar uma decisão: escolher parar por ali, contentar-me com o que já havia conquistado, ou seguir em frente, enfrentando aquele medonho obstáculo. Decidi enfrentar aqueles “monstros” e seguir com meu sonho. Com a habilidade que eu já havia conquistado ao escalar os outros dois lances de pedras, consegui driblar os marimbondos e me lançar rumo a uma última e bem mais complicada escalada.