Um homem começa uma greve silenciosa na Esquina Democrática, em uma capital de Estado, num impreciso país onde a corrupção e a incapacidade governamental extrapolaram os limites, e o povo, tíbio por natureza, prefere o deixa estar pra ver como é que fica… Porém, alguns jovens, provocados pelo professor, trocam o videogueime pelo movimento do Basta! e assumem a oportunidade de refazer a História. Logo, grêmios estudantis e sindicatos unem-se a eles, numa greve que, por silenciosa, serve a todas as causas. Surge, assim, uma proposta político-social. E o jovem Magrão Falabela precisará decidir se assume ou não o papel que pretendem lhe atribuir.
O que Walmor Santos propõe é que a juventude reavalie sua atual participação nos grêmios estudantis, hoje limitados, quase exclusivamente, à confecção de carteiras de estudante, e passe a participar ativa e conscientemente da construção de um país mais ético e justo, sem atrelamento a qualquer orientação político-partidária.
O autor acompanhou as atividades estudantis, como associado do Grêmio Estudantil do Colégio Agrícola Daniel de Oliveira Paiva – CADOP, em Cachoeirinha, RS, de 1964 a 1968, em plena Ditadura Militar. Faziam parte desse Grêmio, o departamento esportivo e o social. A biblioteca era também cuidada e abastecida por alunos, com a compra de livros, revistas e coleções. Nos intervalos das aulas, funcionava uma precária “Rádio CADOP”, com muitas anedotas, pílulas de sabedoria e os novos sucessos da Jovem Guarda ou dos Beatles, entre outros, é claro. Havia, também, no Grêmio, um conjunto musical. No pátio do colégio erguia-se a famosa fogueira de São João, considerada, na época, “a maior do estado”. Aqueles jovens de então, debatiam com a Direção do CADOP, sobre assuntos de interesse dos alunos, falavam de política, realizavam eventos. Dentre eles saiu um futuro prefeito de Cachoeirinha.
Nas frequentes viagens para encontro e debate com professores, pais e alunos, Walmor Santos tem repetido, com veemência, que a construção do homem, enquanto ser político, deve começar cedo, em casa e na escola. Mas a escola e os pais têm falhado nessa tarefa, preocupados que estão com a aprovação no vestibular.
Como cita o autor, Geraldo Vandré canta: Quem sabe faz a hora, não espera acontecer…