A literatura memorialística sobre o consumo de substâncias psicoativas bem poderia ser catalogada como um gênero a parte. Como exemplos conhecidos podemos citar a obra de Thomas de Quincey, Confissões de Um Comedor de Ópio (1891), Paraísos Artificiais (1860) de Charles Baudelaire, o Aldous Huxley de As Portas da Percepção (1954) e Céu e Inferno (1956). O presente livro pode ser enquadrado no gênero. Contudo, o seu foco é a recuperação do vício em drogas e álcool. Atualizando a referida tradição, a narrativa nos revela, com a empatia compreensiva de um Oliver Sacks (embora não seja medico o seu autor) uma história real de uma experiência numa clínica de recuperação para dependentes químicos e pessoas com outros transtornos mentais nos dias correntes com total preservação de anonimatos. Dois dos títulos aqui citados, Paraísos Artificiais e Céu e Inferno, sintetizam com precisão a experiência do consumo excessivo de álcool e drogas. E é só quando o usuário se sente na condição de estar vivendo um inferno real em sua vida que busca a ajuda professional. É quando começa o processo de recuperação com todos os procedimentos e rituais que, hoje, mesclam ciência e espiritualidade na busca da salvação de vidas. Como o leitor poderá constatar no livro que terá em tela, o sucesso da recuperação é sempre possível e as perspectivas de sucesso são crescentemente animadoras.Capa: Rafael Nobre.Revisão: Antônio Fernando Borges.