Ninguém poderia afirmar ao certo quem contou a primeira mentira do mundo e nem é esse o intuito de “História Universal da Mentira”. Acontece que, de uma maneira ou de outra, ela sempre nos rodeia e faz parte da nossa vida. A mentira torna-se o fio condutor de todas as histórias contadas por Rolland Fischmann em seu novo livro. O consagrado autor dos romances “O Rabino” e “O Caso do Cão Atropelado”, traz em sua obra mais recente a universalidade do tema em questão.São seis contos que exploram a necessidade que o ser humano tem de mentir. Em “Pegasus”, que abre o livro, Roland conta com a inspiração de Kafka e mostra como a obra literária de um autor decadente pode melhorar quando ele é sequestrado por um desconhecido que cobra como resgate apenas três bons contos. O personagem acaba descobrindo que não é o primeiro prisioneiro e passa por uma metamorfose pessoal, alcançando o autodescobrimento.Já “Nasce um Artista” é a história de um cantor fracassado que procura uma banda que faz cover de seu antigo conjunto para se reerguer. Mas ele pede para que seu sósia não revele sua identidade e esse engodo pode acabar com a nova banda. Nesse conto, o autor demonstra como uma pequena mentira gera consequências que podem ser catastróficas para aqueles que se aventuram a participar dela.“O homem é o único ser vivo capaz de mentir e enganar; esse poder sempre me fascinou. Mentimos por amor, por mágoa, por egoísmo e, principalmente, por necessidade. Esse livro aborda a dependência que temos da mentira”, afirma o autor.O prefácio da obra é assinado por Franklin Leopoldo Silva, professor da FFLCH – USP e autor de cinco livros direcionados à área da filosofia. O especialista aborda em seu texto inicial a questão da ética da mentira.