Na esteira dos historiadorescomo Robert Lenoble, Alain Corbin, Ketih Thomas e Jean Ehrard, Paulo de Assunção não apenas realizou uma história das representações sobre o mundo natural, mas, também, dos sentimentos, temores ou paixões que o mesmo suscitava. Construiu uma história das hierarquias sensoriais, dos sistemas de percepção, das apreciações e emoções, do prazer, mas, de modo correlato, escreveu também a história da dor, da repulsão e mesmo do horror. A história dos comportamentos sensoriais permitiu-lhe resgatar um objeto – o mundo natural no século XVI – capaz de fazer-nos conhecer melhor o imaginário social dos jesuítas que aqui vieram se instalar e catequizar nossos ancestrais.Escrito com prazer e competência, o mesmo prazer que terá o leitor ao folhear suas páginas, A terra dos Brasis – a natureza da América portuguesa vista pelos primeiros jesuítas (1549-1596) é obra de fundamental importância para compreendermos o período colonial e a atividade da Companhia de Jesus, braço da cultura européia, e, portanto, do Velho Mundo, no Novo.
Mary Del Priore