Mariana sempre foi uma menina estranha, só usa roupa preta, é apaixonada por Ozzy Osborne e tem um gato chamado Asmodeus. Sem amigos para comemorar seu aniversário de 15 anos e vítima de bullying dos seus colegas da escola ela decide abandonar o mundo "real" e orientada por sua avó, Madame Fausta ( uma bruxa que vive dentro do espelho do seu quarto) ela se rende de corpo e alma para de sua verdadeira natureza.TRECHO:(...)– A verdade, meu bem, é que durante a idade média, para subjugar a fêmea, por medo e por orgulho, o macho demonizou a figura da mulher e se estabeleceu, junto ao patriarcado e ao santo ofício, uma era de pura ignorância e confusão entre o que era sagrado e o que era profano. E a mulher passou a ser vista como consorte do demônio e, a ela, o único caminho possível era a fogueira.– Tempos difíceis não! – disse Mariana com um sorriso amarelo, na tentativa de quebrar a tensão. – Ainda bem que já não vivemos mais assim.– Aí que você se engana – disse Fausta Fortuna – “Mariana queima no inferno” não foi o que os meninos escreveram do lado da cantina?– Sim.– Enquanto nós existirmos, não só como mulheres, mas como as bruxas que somos, Mariana, também existirão os nossos algozes, os caçadores de bruxas, que nos perseguem à luz dos tempos modernos. A inquisição está lá fora, solta nas ruas, dentro da sua escola.Um silêncio sepulcral caiu sobre as duas.– Eu gostaria de aprender mais. Mariana disse quase implorando. – Me iniciar– Há um modo, criança – a caveira falou, enquanto suas mãos cruzadas sobre o peito se abriam lentamente. – Se na noite da próxima lua em touro você fizer um sacrifício, me trouxer o sangue de quem você mais ama – a matriarca estendeu um cálice dourado –, uma única gota já me basta.Mariana pareceu chocada.– Um sacrifício!–Sim, e isso é imprescindível.– Meu aniversário é junto com a lua em touro, faço quinze, um dia antes de ser mandada para o colégio interno.– Meus pêsames, a juventude é realmente um fardo. Ela disse debochando. – , mas se você realmente deseja ser uma bruxa precisa me trazer esse sacrifício, não existe uma nova vida sem uma pequena morte.(...)SOBRE O AUTOR:GUILHERME JUNQUEIRA é dramaturgo, poeta, diretor de teatro e instrutor de Yoga. Convidado para o panorama de poesia contemporânea da 26ª edição do Festival Mix Brasil, na estreia do Mix Literário, o autor já participou de relevantes oficinas de criação literária e sua obra no teatro já foi apontada pela revista Veja SP como um dos destaques da nova dramaturgia paulistana. É autor dos livros “Suicida Rock`n Roll” (romance) editora Giostri 2010/, “Intrigas Augustas” (novelas), editora Maçã de vidro 2013/ “Eclipse” (poesia), editora Córrego 2016/ e “Shadowplay” (poesia), ateliê Leonella 2018.Na plataforma AMAZON o autor publicou a novela de época “Serpentes no Paraíso” e a série de contos LGBT “Fábulas Fálicas”Contato: guilhermesugarjunqueira@gmail.cominstagram:@fabulasfalicas/ guilhermejunqueira.autorfacebook.com/gjunqueira2Leia mais