Na base de qualquer visão e prática políticas está sempre uma ideia ou teoria sobre a pessoa humana: sobre a sua dignidade, razão e liberdade e, de algum modo, sobre os seus fins e o seu bem, que são o alicerce último dos seus direitos e dos seus deveres. Dessas questões primeiras dependem todas as outras. Nos ensaios agora coligidos, procurei discutir e sondar, de modo impressionista, a inter-relação problemática entre esses estratos pré-políticos e os problemas propriamente políticos. De qualquer modo, poderei adiantar a minha convicção de que um conceito de democracia liberal neutro, moralmente “incolor, inodoro e insípido”, não é sustentável e – se não for animado por uma antropologia razoável – tende a ser preenchido por algo negro, fedorento e amargo.