As últimas décadas têm sido marcadas em nosso país por um alargamento significativo da produção em torno da história das doenças e das práticas de curar. Dentre as características presentes nesses estudos, podemos ressaltar a intercessão e diálogo entre diferentes especialidades científicas, destacadamente as aproximações, sempre férteis, entre a história e a antropologia, a medicina, a linguística e a teoria literária; a multiplicidade de opções teórico-metodológicas adotadas – que transitam, mais comumente, entre a história social, a (nova) história política, a história cultural e a história das ciências – e de fontes utilizadas, a exemplo dos “textos médicos” de diferentes naturezas, inventários e testamentos, denúncias e perseguições à praticantes de medicina ilegal e “feiticeiros” engendradas por tribunais do Estado e da Igreja, cartas, poemas e desenhos produzidos por aqueles que viveram o enquadramento e a experiência da “loucura”.