Após ser resgatado do Inferno por um Deus sacana e imaturo, um caçador sem nome é obrigado a combater as forças do mal para não retornar à danação eterna.
Neste conto, ele atravessa o portal para o mundo além-névoa, dirigindo seu Simca Chambord 1961 preto com detalhes vermelhos, a fim de resgatar crianças raptadas no interior do Brasil que servem de oferenda à entidade folclórica chamada Quibungo, um enorme monstro peludo que ostenta uma bocarra nas costas.
Durante a jornada, cruza com a Cumacanga (uma cabeça flutuante de mulher envolta por chamas), diabinhos da garrafa (os famigerados cramulhões), um feiticeiro andrógino e aldeões de um vilarejo preso ao século XIX.
“O Vilarejo do Sagrado Quibungo” é uma narrativa que mistura fantasia urbana sombria com seres folclóricos brasileiros.
“Parei o Simca no acostamento, a fim de pegar alguns itens básicos de sobrevivência no porta-malas. Revólver, balas de prata, cartuchos recheados de sal, crucifixo, estacas, agulhas e um boneco vodu, facas, machado e a leal companheira, minha garrafa de cachaça. Joguei parte da tralha no banco traseiro e acomodei-me de volta ao volante, pisando fundo no acelerador com o motor em ponto morto. Encarei por alguns momentos o horizonte sombrio a minha frente, prestes a ser engolido pelas trevas do desconhecido. Como eu detestava essas jornadas para o outro lado da névoa.
Apanhei a garrafa de cana e dei um gole generoso, sentindo o líquido escorrer pelo canto dos lábios. Então acendi um cigarro, engatei a primeira marcha e acelerei rumo à terra das brumas, torcendo para que o resgate daquelas crianças valesse o meu esforço.”