Um paulistano que detesta sol, praia e carnaval descreve em capítulos curtos sua adaptação ao Recife – ou “a Recife”, sem artigo, como gosta o novo morador – nos primeiros quatro anos.O narrador ignora clichês do turismo pernambucano para manifestar admiração por “pontos antiturísticos” que correspondem a experiências desagradáveis e ilustram com nitidez a cultura de desrespeito tanto do poder público quanto dos cidadãos.Nas frestas do azedume que escrutina aspectos urbanos e eventos como o carnaval, o Janela Internacional (festival de cinema) e as manifestações do Ocupe Estelita, o provocador, quase a contragosto, identifica em situações inusitadas beleza e poesia geradas por recifenses.