Nos jantares daquelas férias de verão era claro o esforço das minhas três sobrinhas mais velhas em se comportarem bem. Os habituais “não gosto de sopa”, “não quero salada” ou “não me apetece fruta” iam sendo rapidamente engolidos como se fossem a melhor das sobremesas tal era a vontade de receberem autorização para se levantarem da mesa.
Tinham 5, 6 e 7 anos e mal conseguiam a tão desejada permissão dos avós me puxavam e empurravam para aquela grande cama que, por uma hora, seria só nossa.
Tudo tinha começado com uma negociação: um momento de cumplicidade a troco de nenhuma reclamação quando chegasse a hora de irem dormir.
-Ok! Exclamaram prontamente.
E assim, todas as noites uma partícula de magia tomava conta de nós.
-Conta titia. Conta a história da Primavera.
-Era uma vez…