O debate entre Einstein e Bergson é um episódio marcante na história da física moderna e um exemplo revelador da interação entre ciência e filosofia. Este artigo discute inicialmente cinco razões pelas quais Bergson criticou Einstein por abrir mão do tempo absoluto. O mais importante foi o compromisso de Bergson com uma metafísica intuicionista e anti-kantiana informada pelo senso comum. Além disso, ele sabia que a teoria da relatividade especial permite “duração” (durée) na forma da passagem do tempo adequado, à qual Bergson se referiu como “tempo real”. Nem o eternismo estático (que exclui a passagem temporal) nem o eternismo dinâmico (que, como o primeiro, afirma a existência do futuro) são aceitáveis da perspectiva filosófica de Bergson, que reconhece o papel da experiência temporal e do pensamento cotidiano, além da ciência e da metafísica. Ele entendeu a passagem temporal como a criação de uma nova existência, antecipando o que mais tarde ficou conhecido como a crescente teoria do bloco do tempo. A variante relativística pontiacídica desta teoria, que divide o universo em blocos de cones de luz passados crescentes, faz justiça a grandes partes de sua filosofia, incluindo a distinção entre o real e o virtual. Os defensores do relato de duração de Bergson devem adotar essa teoria do tempo.