Durante um século, a incompreensão foi a marca da psicanálise em relação à experiência de Jung e ao seu legado, a individuação. Essa guerra entre as escolas ocultou, porém, o mais importante: Freud e Jung não estavam competindo pelo mesmo; eram e são expressões de possibilidades existenciais diversas…Foi preciso esperar por Gilbert Simondon, que contava com recursos para individuar o conhecimento de Jung. Sim, porque Simondon não se inspira, não resgata, não ressignifica Jung, ele individua o conhecimento de Jung e faz do processo de individuação o caminho para um novo início civilizatório, no momento em que o colapso constela-se em relação a todos nossos bens — entre eles, a subjetividade de uma mente povoada, criando as perigosas condições para o neoliberalismo e o neofascismo.