Uma importante categoria moral — discurso desonesto — tem sido negligenciada na ética teórica, apesar de sua importância nas trocas sociais legais, políticas e cotidianas. A discussão nesta área foi, em vez disso, fixada em um debate binário sobre o contraste entre mentir e “meramente enganoso” (isto é, tentar enganar alguém sem proferir uma falsidade literal). Alguns veem a mentira como um erro distinto; outros veem isso como moralmente equivalente a deliberadamente omitir verdades relevantes, falsamente insinuando, ou qualquer outra espécie de tentativa de engano verbal. Os partidos neste debate perderam a relevância para a sua discordância da noção de desonestidade comunicativa. A desonestidade comunicativa não precisa assumir a forma de uma mentira, mas sua injustiça não reduz à injustiça de tentar enganar. Este artigo propõe, portanto, uma grande mudança de atenção longe do debate mentiroso/enganoso e para o tema da desonestidade comunicativa (ou “desonestidade” para abreviar). Desonestidade não é uma simples noção para definir, no entanto. Pressupõe uma distinção difícil entre o que é e não se expressa em uma dada expressão. Isso difere da distinção mais familiar entre o que é e não é dito, a distinção no centro do debate mentiroso/enganoso. Este artigo usa uma ideia central para a teoria do ato de fala para caracterizar a desonestidade em termos das intenções comunicativas do pronunciador, e aplica a definição resultante a uma variedade de contextos.