Este trabalho, resultado de reflexões desenvolvidas em atividades de ensino, pesquisa, extensão e pós-graduação, tem como objetivo apresentar contribuições para compreender a desestabilização política brasileira como resultado da guerra híbrida lançada no país a partir das jornadas e protestos de rua de 2013 por grupos de interesses variados de dentro e fora do país. Nesse sentido, busquei entender o que chamei de desestabilização verde-amarela dentro das disputas por hegemonia no cenário interestatal, considerando a maneira como diferentes segmentos se engajaram na derrubada do governo federal para implantar o que denominei de agenda facholiberal, promovendo uma tentativa de “reboot” da economia política brasileira que vinha sendo construída desde 2003 nos governos Lula e Dilma Rousseff pelo Partido dos Trabalhadores. Não obstante, apresentei três cenários possíveis para a próxima década na geopolítica e na economia política do país: a economia política democrata-liberal-keynesiana em construção, a economia política facholiberal em dissolução e a economia política progressista ainda por ser eventualmente elaborada, levando em conta a aceleração das tensões nas relações internacionais entre a potência em declínio – os Estados Unidos – e a potência em franca ascensão – China – e as condições e limites para cada cenário. A desestabilização verde-amarela, diferentemente do que ocorreu com situações similares em outros países, tem sido claramente condicionada pelo enredo de lei, ordem e anticorrupção nos meios de comunicação e redes sociais digitais, pela guerra jurídica nas instâncias do sistema judiciário com papel central da operação Lava Jato e na agenda regressiva em direitos levada por grupos políticos e econômicos.