“Eles vieram! Não posso acreditar que este seja o nosso fim…”Awhireinga gritava por ajuda enquanto via Maaka se contorcendo nas mãos de outros guerreiros e viu o último Tupuna ser morto ao tentar se desvencilhar das mãos dos atacantes. Foi quando a mulher percebeu um objetivo muito claro no olhar do líder sanguinário.“Eles querem o meu bebê!”Subitamente, ela gritou. – Não lute, Maaka! Eles não podem me machucar!Atônito com as palavras da mulher, Maaka meneou a cabeça e deixou seu corpo ser levado pelos Ash’ahai para a outra canoa que esperava a pouca distância dali.– Ouçam com atenção as palavras dessa mulher, vocês dois. Não me espanta ela ser a pessoa mais equilibrada entre vocês, orientais. – Falou calmamente o líder do grupo em tom audível e em língua compreensível aos três únicos sobreviventes do massacre.De dentro da canoa, contudo, Aperahama ainda se contorcia ferozmente quando foi fortemente atacado na nuca por um dos homens que o segurava, desfalecendo em seguida. Tomada de choque, Awhireinga se viu forçada a ajudá-lo, mas o líder dos assassinos tomou-lhe a frente e, apontando o machado ensanguentando em sua direção, ordenou que ficasse onde estava.A insensibilidade do homem negro de longos cabelos amarelos transmitia uma sensação profunda de insegurança a Awhireinga. Os olhos do estranho, os quais transmitiam uma tremenda obstinação, não desviavam de sua barriga e ela se viu horrorizada, abraçando-se ao seu ventre na tentativa vã de esconder sua gestação avançada. Algo lhe falava que não deveria temer aquele homem, que deveria enfrentá-lo, mas a lógica por trás daquela situação e os corpos sem vida à sua volta reduziram a coragem da mulher e o máximo que pôde fazer foi desviar o olhar do sinistro e aterrorizante homem.Espremida no fundo da canoa, Awhireinga pôde ouvir as ordens do líder dos Ash’ahai.– Não quero que matem nenhum dos três! Mantenham-nos vendados e alimentem a mulher. Se alguma coisa não sair conforme estou mandando matarei o responsável! Vou precisar repetir?Awhireinga não ouviu a resposta, mas, devido à confusão gerada pelos gritos dos homens que os atacavam, ao cheiro forte de sangue e à presença angustiante e fora do comum que o homem de cabelos tão estranhos tinha sobre ela, a mulher se viu terrivelmente tonta e percebeu as formas ao seu redor tornarem a se desfazer rapidamente.Como se subitamente todas as luzes das tochas fossem obscurecidas por uma sombra gigantesca, o mundo tornou-se um inebriante breu para Awhireinga e nos seus novos devaneios não conseguiu clareza acerca de onde estava. A jovem mãe dos Tupunas não se deu conta de estar sendo amarrada e levada para outra canoa e conseguiu apenas escutar uma voz que, ao longe, ecoava repetitivamente em seu inconsciente:Ninguém escapou do homem de cabelo amarelo…Ninguém escapou do homem de cabelo amarelo…Ninguém escapou do homem de cabelo amarelo…