A Crítica da Razão Pura sofreu para ser compreendida, sendo recebida como um livro pesado em seu tempo. Vendo o problema, Kant resolveu facilitar as coisas para os interessados e escreveu os Prolegômenos, embora ali também admitisse que não se tratava de uma obra para iniciantes: seu objetivo, era de facilitar a leitura de seus escritos, era dar as ferramentas para a construção de uma nova ciência. Kant foi extremamente feliz na escrita de seus Prolegômenos: a leitura é fluída sem deixar de ser profunda e toda a terminologia característica de Kant está ali, com seus parágrafos grandes, ironias pontuais e certa rispidez seguida de clareza ímpar, arriscando se tornar até uma leitura divertida dependendo do gosto do freguês. Kant é amplamente conhecido por sua polêmica contra a metafísica racionalista de Leibniz-Wolff, disto que se trata o início do livro: as fontes da metafísica. Em verdade, a busca de uma fonte para o conhecimento é o que guia as críticas kantianas; “criticar” aqui tem justamente o sentido de “colocar em seu devido lugar”. Kant não queria destruir nada, mas descobrir de onde saiu e se é correto que esteja ali; nas palavras do mesmo, “quid juris?”. Aqui vemos sua forte veia racionalista; a metafísica de Aristóteles e seus discípulos parte justamente da experiência, enquanto aquela fundada após Descartes parte da razão mesma.