Formigas famintas em fila é uma compilação de ensaios sobre a obra do artista, pensador e pedagogo Rubens Espírito Santo (1966 – ), principalmente sobre seus poemas. A partir de leituras de pensadores como Maurice Blanchot, Émile Benveniste, Georges Bataille, Martin Heidegger, há uma investigação profunda da palavra: “[…] quem sabe os direitos inatos das palavras estão sendo aqui questionados – aquele que diz que seu significado depende do contexto – e que, num estrangulamento com funil, elas possam enfim reivindicar pelo direito de isolamento de toda sua mortalha sígnica e, ao assumirem ser medrosas da noite, elas possam mover-se até cavarem numa terra tão fofa e tão molhada um buraco que, em letargia de tartaruga, mova-se por si só; nele triunfa, lerdo, um mundo outro onde amanhece – antes de todas as coisas que não outras – antes que estale a batida de qualquer par de asas – a escura manhã da criação.”Através desta investigação, os ensaios tomam uma direção vertical e lírica, não distinguindo-se de um universo poético particular: “Eu sei que três linhas perfeitamente escritas do Paul Celan, ou que suas frases cujas palavras comem umas às outras, como formigas famintas em fila que não carregam folhas para comerem – mas sim outras formigas – são talvez como o cume de uma montanha vital – frente a qual você me coloca, mesmo sabendo que eu não sei suportar o vento gelado que sobrevoa por ela.”