“Afinal, era uma hipótese que eu não deveria descartar, principalmente porque o meu voo era incerto, confuso, dada a minha total incerteza do que fazer, de como agir ou falar. Fiquei parada junto à porta do banheiro masculino, pensei em simular um “esbarrão”. Minha sensatez naquela altura do campeonato estava bem debilitada, refém das emoções. Diante de mim abriam-se as cortinas e, no palco, novas matizes de sensações e de emoções surgiam: exuberantes, belas e indomáveis.O medo se enfraquecia ante a força desse novo colorido. O arrependimento por ter me reprimido tanto dava mais força e coragem para que eu não cometesse os mesmos erros. Eu deixaria a paixão livre para atuar. Meu voo se consolidava, ganhando a estabilidade necessária para poder ousar.Abri um pouquinho a porta do banheiro e vi pela brecha Carlos lavando as mãos. Completamente fora de mim — e, portanto, mais fiel a mim, ao meu desejo — entrei.”No dia do seu aniversário, Sandra reencontra Carlos e pode fazer disso um presente. Um presente para dois. Conto