Ana Gorcieux sabe que a vida não é um conto de fadas. Apesar de ter passado parte da infância entre a privilegiada alta sociedade do Rio de Janeiro, bem cedo foi obrigada a ser forte, por si mesma e pela irmã caçula, após testemunhar a morte da própria mãe.
Conhece o árduo caminho para se tornar uma bem-sucedida jovem enfermeira, num grande hospital, enquanto é pressionada a largar tudo e “arranjar um bom marido”. Conhece a dor de ter um amor proibido, mesmo que ardentemente correspondido, e a dificuldade de tentar dar voz aos próprios anseios e descobrir quem é.
Enquanto tenta equilibrar a carreira, as cobranças da tia e o relacionamento secreto, a Segunda Grande Guerra ecoa no Brasil. Os problemas que antes desafiavam a força do coração de Ana ganham contornos históricos e geográficos.
A criação de um “exército” de enfermeiras voluntárias – que encara os horrores da guerra, na Itália, ao lado dos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira – revira o cotidiano desta jovem e coloca-a na luta ao lado de bravas brasileiras, a fim de derrubar padrões e preconceitos para salvar vidas.
Em meio aos horrores do front, Ana encara ainda uma batalha pessoal antiga, mas tão presente que é capaz de dizimar uma grande história de amor e evocar um perigo iminente à própria vida.
Será ela forte o suficiente para vencer esta guerra?
– Resenha por Raquel Lima:“Cartas Salgadas” é o retrato de um Brasil esquecido, que foi à guerra contra Hitler e Mussolini, na Itália. É uma história de amor ardente. É a luta para sobreviver a um trauma, a saga de uma mulher em busca de si mesma. A primeira ficção de Alexandra Vidal traz doses massivas de realidade. A autora traduz um doloroso drama pessoal e a pesquisa sobre a história dos pracinhas e das bravas brasileiras que se voluntariaram como enfermeiras, numa crônica de costumes dos anos 1940 e num amor de tirar o fôlego.