Apresentação: Jogos digitais, como mídia e em suas múltiplas linguagens, podem nos apresentar uma rica diversidade de experiências, além da imersão em uma infinidade de contextos e universos híbridos. As ações e relações promovidas pelos videogames – incluindo reagir, participar, planejar, resolver, criticar, cooperar, compartilhar, assistir, torcer ou comentar, por exemplo – possuem, em primeiro lugar, um fundamento de natureza perceptiva e, em sentido lato, de caráter estético. Games são meios que, em alguma medida, a partir da expressão de possibilidades, existências e propósitos pelos desenvolvedores, organizam e desenvolvem experiências para os jogadores e também para críticos e espectadores, de modo a empoderá-los a descobrirem e expressarem emoções, condutas e hábitos por conta própria. Games mobilizam sentidos e movimentos fisiológicos, projetam-se às nossas percepção e atenção em direção à formação de hábitos individuais e coletivos e também, mais amplamente, à constituição de comunidades, tendências, cenas e culturas gamers.
A Estética, ramo da filosofia que repousa sobre a Fenomenologia, considera seus objetos de estudo a partir da apresentação per se, ou seja, constrói análises focadas nas possibilidades e qualidades mais frescas e espontâneas daquilo que se apresenta à mente. Estudar e fruir games sob prismas estéticos significa então, em primeiro lugar, considerar jogos como origem e finalidade de estados de consciência sofisticados e originais, que crescem e frutificam cada vez mais através de mediações inteligentes e socialmente complexas. Em outras palavras, análises estéticas valorizam a capacidade dos videogames em desenvolver interfaces que nos permitem conceber, compartilhar e explorar mundos exteriores (históricos, ficcionais) e interiores (psicológicos, emocionais, oníricos). Nesse sentido, a abordagem “Estética do jogo” divide-se em três eixos principais de trabalho: Arte, que lida com dimensões expressivas e com possibilidades inerentes às qualidades espontaneamente exibidas pelos jogos; Mecânica, descrevendo e analisando modelos e métodos de interação sensorial e corporal; e Narrativa, explorando como os jogos compõem e medeiam situações e universos perspectivados no espaço-tempo.
Boa leitura, excelentes inquietações e, por favor, escrevam para nós. Estamos ansiosos para conhecer suas perspectivas e opiniões a respeito do material apresentado.