Quando Thays tinha nove anos, faleceu de leucemia. Seus pais, Ercílio e Socorro, estavam no hospital quando receberam a dolorosa e repentina notícia. Como moravam muito longe dali, viram que não daria tempo de ir até em casa para buscar um vestido adequado para sua filha se quisessem fazer o velório naquele mesmo dia.Vendo o desespero dos dois com a perda de seu único tesouro, me prontifiquei a acompanhar Socorro a enfrentar uma tarefa bastante árdua. Entramos em uma loja de roupas infantis para comprar o último vestido de Thays. Naquele momento, tão particularmente difícil, vendo Socorro com o coração dilacerado, incentivei que ela escolhesse o vestido mais bonito da loja, eu fazia questão de lhe dar este presente.Quando a vendedora nos mostrou um vestido lilás com pedrinhas brilhantes bordadas, tivemos a certeza de que seria aquele. Era lindo! E me ocorreu dizer a ela: “É um vestido de fada!”. Diante desta frase, notei que um leve sorriso apareceu no seu rosto.E foi por causa desse sorriso que decidi desenvolver o conteúdo deste livro. Existem questões que jamais terão respostas lógicas, como é a morte prematura de um filho. Mas a minha intenção foi justamente a de ressignificar a dor deste acontecimento apresentando aos pais uma visão mais reconfortante. Como falar sobre o conceito de morte sem necessariamente associá-la a algo negativo? Com suavidade, com magia, com beleza, com um outro olhar.Betty Carakushansky Wainstock