As contribuições teóricas clássicas, notadamente de Marx e de Weber, explicitaram a importância do contexto social para a compreensão do fenômeno religioso. Na realidade, toda religião possui a sua visão particular da realidade e articula um campo próprio dela, mas, por outro lado, é vista inserida em dada formação social, participando das chances e limitações desta. Segundo Peter Berger, durante a maior parte da história humana, os estabelecimentos religiosos têm sido monopólio dentro da sociedade, isto é, monopólio da legitimação suprema da vida individual e coletiva; a desmonopolização é uma característica da situação pluralista.Este livro procura mostrar, por meio de uma análise do catolicismo numa cidade do interior paulista, que, sob a aparente homogeneidade ideológica, existem vários catolicismos brasileiros, expressos, ontem e hoje, na sua organização e nas relações de conflitos de seus agentes. Tal abordagem, que se movimenta entre um microcosmo e um macrosmo do comportamento nesse âmbito no Brasil, entende tais diferenças como resultantes da situação de quebra do monopólio religioso, ou seja, da passagem do monopólio absoluto da religião católica para uma situação de concorrência com outros grupos religiosos e da transição do monopólio interno para a disputa com outros grupos dentro do catolicismo. Essas inter-relações, apresentadas tanto de uma perspectiva histórica como da atualidade, proporcionam ao leitor uma visão dinâmica e esclarecedora desse assunto tão em pauta em nossa sociedade.