SOMOS POETASEstamos destinados à tragédiaa vida simples e comum dos homens não nos alimenta, queremos mais que o absurdodos amores correspondidos.Queremos a fatalidade e o imprevistoa morte no drama do gozo proibido somos poetas, pintores, artistasde toda sorte, contamos sempre com o azar em forma de destino.Queremos a vida nas cinzas da Fênixqueremos o calvário do Cristo e a cicuta de Sócratesqueremos as asas frágeis de Ícaro.Somos a flor murcha à beira da estradaque o amante não conseguiu ofertarà namorada da infância.Somos o medo vestido de Aquilessomos a fuga e a desesperançasomos o verbo na língua de Deus e o barro nas mãos do homem.