Maria Madalena. Mulher bonita. Corpo escultural e pele de cor leitosa como da lua. Aos 10 anos, os parentes e seus amigos não se cansavam de elogiar a beleza incomum da menina; aos 12, o corpo dela entortava a cabeça de qualquer adolescente; aos 15, ouvia dos homens que ela valia uma perdição, mas, também, era alvo dos olhos enviesados e das pragas lançadas pelas mulheres, fossem elas solteiras, casadas, amancebadas, viúvas ou separadas.
É claro, mesmo na mesmice indolente do interior, a menina não era nenhuma santinha. De vez em quando era vista roçando freneticamente o seu corpo no de um ou outro rapaz; mas, justiça seja feita, nunca ela se deitou com homem nenhum. Um dia, o pai de Maria Madalena deu um basta nisso: ela mudava de comportamento ou sairia de casa pela porta da frente, pra nunca mais voltar.
Numa noite de lua cheia, a bela adolescente preferiu pular a janela do quarto e rumar para um novo destino, uma vida que ela não queria, mas para a qual fora empurrada pelas circunstâncias, além do dom que lhe foi presenteado pela natureza.