DENTRO DA ALMA TEM UM CORAÇÃO
‘O Santo de Deus’ não é um romance de ficção, mas uma narrativa real, com fatos que intrigam, instigam o leitor a ler mais, a saber mais sobre uma tragédia humana que ganha dimensões inimagináveis. Muitos membros da comunidade de Lavras são dizimados para expiar pecados, à luz de preceitos bíblicos mal interpretados, sob o prisma de um mundo minúsculo, onde o humano social se confunde com o animal irracional. É a selva de animais humanos, ao jugo de suas próprias leis e crenças.‘O Santo de Deus’ conta a história da irracionalidade humana, do absurdo, da insensatez de pessoas que vivem isoladas, tendo como janela a religião, que ao tempo em que ampara, também conduz a condutas cegas, reprováveis pela sociedade civil, socialmente organizada, instruída, preparada para ler letras, pessoas, fé, religião, política, ambiente e convívio social.Esse grito em ‘O Santo de Deus’ é tão bonito, forte, justo e oportuno, que não pode ser dispersado no deserto de uma sociedade sem alma. Pois, ainda hoje, o massacre prossegue, não em Lavras, mas em outras partes da Amazônia, do mundo.Moisés Diniz, um escritor nordestino-indígena, tem um texto comovedor, por adentrar na alma humana e nela possibilitar uma pluralidade de leituras que podem melhorar a vida. Uma leitura que deve contar em todos os corações humanamente inteiros e em todas as antologias de humanismo, política e religião. Entrem no livro, despojadamente, como num banho de água e de sol, para sair com a urgente necessidade de fraternidade universal.
Luísa Galvão Lessa