O tema condutor do trabalho é a “Açorianidade”, uma categoria de apelo identitário, utilizada nos Açores (Portugal) e por comunidades de imigrantes e descendentes de açorianos localizadas em vários países. Tomando-a como um universo discursivo que constitui uma idéia de nação para além das fronteiras nacionais, o trabalho procura fornecer um corpus etnográfico para este tema genérico, desdobrando-o em várias dimensões temáticas, segundo pesquisas de campo multi-situadas, na região da Nova Inglaterra (EUA), Arquipélago dos Açores e Sul do Brasil. Deste modo, um olhar desterritorializado é lançado sobre temas de ordem global e local que são conectados em um contraponto, para dar conta de descrever a experiência migratória dos açorianos enquanto formação diaspórica transnacional; analisar a emergência da “cultura açoriana” em Santa Catarina (Brasil) a partir da rubrica da “invenção da tradição”; reconstituir o modo de vida local dos açoriano-descendentes na Ilha de Santa Catarina e, compor uma etnografia das suas formas de sociabilidade Estes objetos de pesquisa são abordados à luz de uma antropologia reflexiva, pautando certas discussões sensíveis ao debate antropológico atual, nomeadamente: a construção do texto etnográfico e do trabalho de campo; o problema da identidade e da localidade no contexto da globalização; a questão de uma “antropologia da complexidade” em um mundo que tem requerido às ciências sociais, novas formas de autoconsciência.