Brasil, 1977. Ernesto Geisel fecha o Congresso para o pacote de abril. Pelé marca seu último gol. Clarice Lispector morre na véspera de seu aniversário em dezembro. Enquanto isso, 16.842 livros são confiscados em livrarias de todo o país. Mais difícil de estimar é quantas obras se deixaram de escrever.
1977 é também o ano em que dois escritores vão parar na prisão. Um não sabe da existência do outro, mas suas narrativas se encontram em relatórios da polícia, em trocas de mensagens entre o Rio e São Paulo e sessões de tortura no DOI-CODI da Tijuca. Esse é o primeiro encontro entre os dois.
Trinta anos se passam e suas narrativas se entrelaçam mais uma vez, dessa vez por ocasião de um funeral na Zona Oeste do Rio. Em meio a rancores, ressentimentos mal digeridos e desavenças de família, relatos desencontrados ressuscitam diferentes versões da vida do morto.
“Três corridas em câmera lenta” é a história desse encontro de famílias: a história de uma história que ficou pela metade, de obscuros personagens à espera de um ponto final.